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Juntos no amor e nos negócios. Isso dá certo?

Realizar a dupla jornada lado a lado foi a melhor maneira que o casal Bárbara Kemp e Rogério Moraes encontrou para se dar bem em seus empreendimentos

Juntar as experiências profissionais antes de juntar as escovas tem se tornado uma prática cada vez mais comum entre os casais.

Para alguns, o sonho de empreender parece mais tangível quando realizado a dois. Por outro lado, a rotina voltada para o trabalho pode consumir a relação de forma avassaladora.

Entre vantagens e desvantagens, a arquiteta paulistana Bárbara Kemp, 39 anos, preferiu ser otimista. Com apenas quatro meses de namoro, ela convenceu o publicitário Rogério Moraes, 41 anos, a começar um negócio do zero em outro estado.

Na época, a mudança implicava abandonar uma carreira estável, como arquiteta no então Banco Real, e se mudar de São Paulo para o Ceará.

Decidida a dar um novo rumo para a sua vida, Bárbara se candidatou a um processo de licitação aberto pelo próprio banco em que trabalhava.

O projeto era se tornar responsável pela mudança visual das agências bancárias do Nordeste, e chegar à nova cidade com o primeiro trabalho garantido.

"Achava que não tinha o menor perfil para trabalhar como funcionária. Sou muito dinâmica, e me sentia muito limitada dentro de uma instituição tradicional”, diz.`“Expliquei que estava me mudando, e que gostaria que ele me acompanhasse.” Contrariando as expectativas, Moraes aceitou o convite.

Para o publicitário, as mudanças foram ainda maiores. Além de morar com a mãe, ele trabalhava como freelancer, e todos os seus contatos de trabalho estavam em São Paulo.

“Considerei as circunstâncias, e percebi que essa decisão mudaria a minha vida. Não tinha dívidas, e além da minha mãe, e do meu trabalho, nada me prendia a São Paulo”, diz.

Poucos dias antes da mudança, o casal recebeu a notícia de que a licitação havida sido vencida por outro prestador. Mesmo assim, eles não desistiram dos planos, se mudaram para o Ceará, e abriram a Kemp – uma empresa de serviços e gerenciamento de obras. “Ganhar a licitação era um detalhe: eu já tinha um projeto, e sabia que a região tinha demanda”, diz Bárbara.

EMPREENDER A DOIS

Com quase nada de bagagem e uma cachorra, eles recordam que os primeiros meses não foram fáceis. A lentidão para arrumar novos clientes era proporcionalmente igual à que traria a mudança de São Paulo, e demorou meses para chegar.

Sem geladeira, eles se viravam com um isopor, e tinham apenas um colchão. “Não tínhamos absolutamente nada. Dividíamos uma marmitex de R$ 3,50.”

Com o tempo, veio a conquista do primeiro contrato – uma rede de supermercados, mas que não aliviou em nada a situação. Depois de seis meses de trabalho, o pagamento não veio, e o próprio casal teve que arcar com o projeto usando a única reserva de dinheiro que lhes restava.

Aos poucos, novos clientes surgiram. A implantação da lei Cidade Limpa, em 2007, por exemplo, trouxe boas oportunidades para a Kemp no interior de São Paulo, e a rotina de trabalho foi tomando forma com visitas a até seis estados diferentes na mesma semana.

Para economizar, eles dormiam nos aeroportos e rodoviárias. Sem notebook, eles carregavam um computador - CPU e monitor, em todas as viagens.

Foram dois anos de muito trabalho até colocar as finanças em ordem para que a empresa se pagasse e, só então, pensar em lucro.

Em mais um ano de trabalho, outros grandes clientes, como TAM, Santander, Quicksilver, Nike, Renner e O Boticário, começaram a integrar o portfólio da Kemp. "Fomos crescendo conforme os nossos clientes nos indicavam para outras empresas", diz Bárbara.

Um casal que empreende junto depara com um caminho cheio de armadilhas no relacionamento.

Entretanto, para Bárbara e Moraes, esse foi um diferencial. “Se estivesse sozinha, sem dúvida não estaria na mesma situação de hoje, pois com certeza teria seguido pelo caminho mais fácil: desistir de tudo”, diz Bárbara.

PLANO B

Bárbara credita o sucesso da Kemp, com seus 120 colaboradores, ao bom planejamento. “Éramos questionados o tempo todo, porque deixamos uma situação confortável para viver no limite.” “No entanto, sempre tivemos um plano B para tudo. E todo o investimento que fizemos foi feito sem empréstimos”, diz.

Além disso, Moraes acredita que estar em outro estado obrigou o casal a se dedicar exclusivamente ao negócio. “Não tínhamos nenhum tipo de distração, nem família, nem amigos, tampouco dinheiro para sair. Então focamos 100% no trabalho.”

Com resultado inferior a 2014 (R$ 28 milhões), o faturamento em 2015 chegou a R$ 22 milhões - um número comemorado pela dupla, que aumentou em 200% a carteira de clientes da empresa. “Em tempos de crise, estamos felizes.

O cliente que antes inaugurava 200 lojas, agora inaugura 50. "No nosso caso, o ano de 2015 foi de investimento a longo prazo com a chegada de novos clientes”, diz Moraes.

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